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"O Dragão de São Francisco é um projeto fotográfico artístico e ambiental de registro da fauna, flora e a gente do Parque Estadual Acaraí, idealizado pelo fotógrafo Anderson Gomes.

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Primeiro Contato com Primatas

O que tinha um ar de rotineiro hoje (08/09/2013) se tornou uma produtiva incursão ao Parque Estadual Acaraí.

Fui com meu sogro Palico ao Parque e inicialmente seguimos a estrada onde existe o duto da Petrobras em direção a Enseada. Eu ainda não sabia, mas a apenas um quilômetro já havia um grande portão com corrente e placa da Confloresta dominando uma área gigante.

Nossa intenção era encontrar as arapongas que gritavam aos montes na mata. Ficou para outra vez pois elas são muito espertas.

Chegamos ao tradicional ponto de ranchos de pesca que fica na estrada ao lado da igreja. Haviam algumas pessoas lá pescando de rede no rio.

Resolvemos entrar na trilha do lado direto e seguir beirando o rio.

Para nossa surpresa encontramos a uns 30 metros de um rancho de pesca uma ossada de capivara. O crânio estava bem limpo indicando que já permanecia lá a bastante tempo.

Um cranio de capivara.

Um cranio de capivara.

Entramos de carro um pouco mais na localidade da Tapera ficamos sabendo que havia um caminho de rancho de pesca próximo que era uma área de incidência de macacos e outros animais. Para mim foi como indício de ouro.

Facilmente encontramos o local de entrada. Deixamos o carro e entramos na trilha.

Depois de uns 200 metros entrando encontramos um novo amigo. O Sr. Emilson, proprietário do rancho de pesca, voltava empurrando sua bicicleta devido o areião. Com uma boa vontade incrível resolveu voltar todo o caminho conosco pois nos disse que acabara de ver um grupo de mais ou menos 10 macacos próximos do seu racho junto a um riacho.

O Sr. Emilson voltou nos contando, com notório amor por tudo que havia ali onde vivia, dos costumes dos animais e seus caminhos. Para mim foi como descobrir a mina inteira do ouro.

Sr. Emilson corria à frente para alcançarmos os macacos.

Sr. Emilson corria à frente para alcançarmos os macacos.

Chegando ao rancho do riacho ouvimos os sons dos macacos que ainda estavam por perto. O Sr. Emilson nos propôs fazer uma corrida por dentro da mata onde não havia nenhum caminho, para alcançarmos o grupo de primatas. Meu sogro Palico aguardou no meio do caminho com meu tripé para que fôssemos mas rápido.

Parecíamos em uma corrida de aventura saltando troncos e desviando de cipós. Ora pulando ora atolados desviávamos dos obstáculos. O Sr. Emilson simplório com seu par de chinelos corria tão bem quanto qualquer um equipado de botas na molhada e lamacenta mata atlântica.

A cada piada dos macacos parávamos para localizá-los e poder interceptá-los.

Chegando a um ponto satisfatório e que nos limitava devido ao riacho, fiz algumas fotos na medida do possível.

O macaco alfa aguardava a passagem do grupo em segurança.

O macaco alfa aguardava a passagem do grupo em segurança.

Este foi o meu primeiro contato com mamíferos do Parque Estadual Acaraí bem como com primatas.

Foi fantástico observar a habilidade deles e a estratégia do grupo.

Em certas travessias o alfa deles parava e deixava o grupo passar, ficando de guarda para qualquer perigo.

Ele nos avistou e nos fitava com extremo cuidado com os seus familiares.

A vastidão fantástica da mata abraçava todos aqueles seres que lá viviam na sua forma mais primitiva. Um contato imerso na mata bruta e selvagem com os animais é totalmente diferente de você observar animais em qualquer cativeiro. Lá eles reinam, eles são os mestres e os donos do lugar. Você é um visitante que deve ter muito respeito e reverência por tudo.

Falamos muito da irracionalidade dos animais, mas observando a estratégia do grupo se movimentando e o cuidado para que ninguém fique para traz repensamos muito se eles realmente são irracionais. Eles não desenvolvem tecnologia como os humanos, nem são evoluídos, mas tem sua sociedade, seus sistemas e formas de viver. Desenvolvem habilidades, mapeiam locais, cuidam dos seus iguais.

Não são irracionais, são só uma sociedade diferente que devemos cuidar com mais carinho sem ser invasivos.

Voltamos a trilha como Sr. Emilson contato da sua vivência na localidade e nos presenteou com muito conhecimento dos animais. Agradecemos sua dedicação e prometemos voltar com mais tempo para fazer uma vigília de observação.

A volta do Parque Estadual Acaraí foi muito animada.

Me sentia como a muito tempo atrás em experiências, aventuras, perigos e surpresas em selvas da nossa região.

Terminei este relato ainda sonhando com tudo que existe lá naquela mata. As vidas, as árvores as energias que vibram naquele sistema maravilhoso do Dragão de São Francisco.

 Imagens do dia deste relato.

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